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Título: Juntando os pedaços
Autora: Jennifer Niven
Editora: Seguinte
Páginas: 392
Ano: 2016
Avaliação: 4/5

SINOPSE

    Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso — até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito.

Prosopagnosia (pro.so.pag.no.si.a) s.f 1. incapacidade de reconhecer o rosto das pessoas, geralmente como consequência de dano cerebral.
2. estado em que todas as pessoas são estranhas a alguém.
P.s.: pode ser hereditário ou adquirido em uma queda em que o indivíduo sofreu dano cerebral. 
P.s.s.: não tem cura.

    Jack Masselin é um menino que está no primeiro ano do ensino médio. Tem uma família, um pai, uma mãe, dois irmãos. Na escola, é popular, porque é conhecido por ser gentil, amigável e por estar sempre sorrindo para as pessoas. O que ninguém sabe - incluindo toda a sua família -, é que Jack tem prosopagnosia. Ele não reconhece o próprio rosto, nem o rosto de seus familiares, nem de ninguém na escola. Ele vê o rosto, mas vê tudo embaralhado; vê boca, olhos, nariz, mas precisa juntar os pedaços na mente dele, e é isso que ele não consegue fazer. 
    Libby Strout mora com seu pai e seu gato George. Ela ficou conhecida por ser "a menina mais gorda dos Estados Unidos" quando teve que ser resgatada da sua própria casa, porque não tinha mais como sair. Ela começou a ganhar peso depois da morte da sua mãe. Quer dizer, ela sempre foi um pouco gordinha quando criança, já sofria bullying na escola, mas tudo piorou depois que sua mãe se foi repentinamente. 
"Eu mudei quando tinha dez anos. Sofri bullying, fiquei com medo. Muito medo, de tudo, mas principalmente da morte. Da morte repentina, do nada. E eu também morro de medo da vida. Tenho um vazio enorme no peito. Toco minha pele e meu rosto e não sinto nada. Foi por isso que passei a ficar em casa. E a comer. Mas isso não significa que quero morrer."
    Ela ficou afastada da escola durante o ensino fundamental, e, depois do trauma de ter sido retirada de casa por um guindaste, Libby emagreceu alguns quilos e decidiu voltar para a escola. Mas ela sabe que não será nem um pouco fácil ter que lidar com as pessoas. Lidar com os adolescentes que costumavam estudar com ela quando crianças, de quem ela não guarda boas lembranças. E adolescentes podem ser cruéis. Muito cruéis. 
"Este é um novo começo para mim, e o que quer que tenha acontecido quando eu tinha onze, doze ou treze anos já passou. Estou diferente. Eles estão diferentes, pelo menos por fora. Talvez não lembrem que eu era aquela garota. E não pretendo avivar a memória de ninguém."
    Jack utiliza uma tática para reconhecer as pessoas: cada uma tem marcas identificadoras. Por exemplo, o jeito de andar, um vício, uma pinta. Ele tem muitos amigos, vai à festas, leva uma vida totalmente normal, exceto pelo fato de não reconhecer as pessoas e acabar sofrendo com isso quando precisa encontrar alguém em uma multidão, por exemplo. É por isso que ele evita esse tipo de coisa. E evita beber, porque o álcool já deixa a mente girando, confusa, e a dele já é assim quando vê o rosto de alguém, portanto não precisa de uma ajuda a mais. Ele namora Caroline, uma menina que costumava ser totalmente diferente do que é agora, e de quem Jack sente muita falta. Eles são aquele tipo de "casal eterno", que termina e volta, num ciclo vicioso infinito. 
    É no primeiro dia de aula que Libby chega confiante, porque ela sabe que pode recomeçar tudo do zero. Ela tem noção de que é diferente - esteticamente e por dentro também -, e tem noção de que todo mundo sabe. Justamente por estar confiante e contente, e já estar acostumada com brincadeirinhas idiotas sobre seu peso, ela não liga muito para o bullying que já se inicia logo que ela entra na escola. 
    Ainda na primeira semana de aula, um dos amigos de Jack conta sobre um jogo intitulado "Rodeio das Gordas", em que o objetivo é "montar" (LITERALMENTE), em uma pessoa gorda, e ficar lá o máximo de tempo que conseguir. E é nessa brincadeira que Libby acaba sendo vítima (não a primeira, por sinal). E o culpado: Jack Masselin.
"As pessoas fazem merda por vários motivos. Ás vezes, são simplesmente pessoas escrotas. Às vezes, outras pessoas fizeram merda com elas e, apesar de não perceberem, tratam os outros como foram tratadas. Às vezes, fazem merda porque estão com medo. Às vezes escolhem fazer merda com os outros antes que façam merda com elas. É uma autodefesa de merda."
    Jack escreve uma carta contando os motivos da sua atitude e, assim que se pendura - literalmente - em Libby, coloca a carta em sua mochila.
"Não sou um merda, mas estou prestes a fazer merda. Você vai me odiar, outras pessoas vão me odiar, mas vou fazer isso mesmo assim, para proteger você e a mim mesmo. Vai parecer desculpa esfarrapada, mas tenho uma coisa chamada prosopagnosia, o que quer dizer que não reconheço rostos, nem mesmo das pessoas que amo. (...)(...) Não estou contando tudo isso como desculpa para o que vou fazer. Mas gostaria que você soubesse. É o único jeito de evitar que meus amigos façam alguma coisa pior, e é o único jeito de acabar com esse jogo idiota. Não quero machucar ninguém. Esse não é o motivo. Ainda que acabe machucando."
    Enfurecida, Libby acerta um soco na cara dele. E ambos vão parar na diretoria. O castigo? Reuniões com um orientador que organiza a Roda da Conversa, atividade em que os alunos que se encontram compartilham atividades desenvolvidas por ele.
     Não vai ter como evitar os encontros entre os dois. E, agora que Libby é a única pessoa no mundo que sabe do grande segredo de Jack, terá que decidir o que fazer com isso. 
"Nós nos encontramos e mudamos o mundo. O dele e o meu."
    Prosopagnosia é uma doença que eu nunca tinha ouvido falar. E, tipo, é muito comum, muito mesmo, uma em cada cinquenta pessoas convive com ela. Eu pesquisei antes de começar a ler o livro, e, sério, que doença mais fod*. Imagina só, você olhar pra sua mãe e não saber que ela é sua mãe! Só saber porque ela tem o vício de andar na ponta dos pés, ou porque o cabelo dela é vermelho, ou porque ela sempre usa batom vermelho. Imagina ter que aprender a distinguir pessoas que você ama por marcas identificadoras. Imagina viver tendo "um circo dentro da sua cabeça e estar sempre se arriscando no trapézio. É como estar em um lugar cheio de gente e não conhecer ninguém. Nunca."
    Jennifer nos insere ao mesmo tempo em duas realidades totalmente opostas: de um lado, temos um menino que sofre de prosopagnosia, porque quando criança caiu do telhado e abriu a cabeça. Um menino que tem um coração enorme, e, querendo esconder seu grande segredo, participou de uma brincadeira estúpida que acabou machucando emocionalmente Libby, o outro lado de uma realidade. Uma menina doce, inocente, pura, muito corajosa, que perdeu a mãe subitamente por uma doença que pode ser hereditária, por isso vive com medo de morrer e vive atenta a qualquer sinal. Uma menina que é obesa, e, desde que isso não afete sua saúde, está feliz com seu corpo, porque ela precisa se agradar, e não agradar aos outros.
    É no mundo da escola, do ensino médio, de uma realidade onde encontramos adolescentes cruéis, que a vida dos dois jovens se mistura de uma maneira tão doce, tão apaixonante e tão inusitada. Há um carinho entre os dois que não acontece do nada. Ele vai acontecendo, aos poucos, sabe? E ao longo da narrativa nos deparamos com um Jack com 14 anos, em frente à casa de uma Libby com 13 anos, no mesmo bairro. Nos deparamos com um Jack perguntando ao seu irmão do meio "como você reconhece que a mamãe é a mamãe?" Nos deparamos com um Jack que carrega o mundo em suas costas, e com uma Libby que faz o mesmo, porque eles acreditaram que poupar seus familiares de seus problemas vai fazer com que eles foquem apenas naquilo que é necessário de fato (na cabeça deles).
    Conseguimos analisar a vida de cada um, as dificuldades, as derrotas, mas também nos são relatadas suas pequenas e grandes conquistas. Libby quer ser líder de torcida da escola. Ela tem amigas de verdade! Jack quer construir um robô sensacional para o seu irmão, já que ele adora inventar coisas novas. Jack quer proteger seu irmão mais novo, porque sabe que ele vai precisar ser corajoso quando decidir mostrar ao mundo quem ele é de verdade. Jack carrega o segredo do pai, que sofreu de câncer. Carrega tudo. Libby carrega o medo. 
    A autora nos mostra a intensidade com que os dois acabam se conhecendo, compartilhando tudo, desde o mais íntimo. Percebemos quando começa a nascer algo a mais que uma amizade, aos poucos. Eu me encantei pela Libby, sério! Fico feliz em saber que existem outras Libby's por aí, que tem o coração tão bom e tão grande quanto o dela. Que carregam uma ingenuidade tão cheia de sagacidade ao mesmo tempo. Ela compartilha sobre a perda da mãe, sobre seu livro favorito, sobre seus pensamentos. Ela é muito inteligente. 
"A perda da minha mãe era tão grande que parecia que eu estava carregando o mundo. Então, quando comecei a comer - muito -, carregar o peso a mais não parecia fazer diferença. Mas acabou sendo demais. É por isso que às vezes precisamos largar alguma coisa. Não dá pra carregar tudo pra sempre."
    AHHH, SÉRIO! A LIBBY ME GANHOU. Cada vez que eu paro pra pensar nessa personagem, eu fico tão "AAAAHHHHH". Isso porque eu precisei de um dia, quase dois, pra resenhar esse livro. 
    Sabe o que mais me encantou no livro? A autora. A nota inicial e os agradecimentos da autora. Eu nunca tinha lido nada dela. Eu me encantei por ela. Porque ela escreveu PRA NÓS, LEITORES. Ela escreveu esse livro pra mostrar que ALGUÉM GOSTA SIM DE VOCÊ. VOCÊ NÃO É ODIADO. ALGUÉM TE AMA. E isso me tocou muito. Sem contar sobre a vida dela, que é uma lição enorme pra gente. 
   Leituras assim me inspiram a tentar ser uma pessoa melhor. A esperar um mundo melhor. Um mundo onde existam mais Libbys's e mais Jacks's. Onde há mais amor, mais compaixão com o próximo. 
"Por mais assustador que seja correr atrás de seus sonhos, é mais assustador ainda ficar parado."
P.S.: eu só não dei cinco estrelas porque antes de começar a leitura eu estava esperando algo completamente diferente. Pela sinopse, eu imaginei que o Jack teria uns 10 anos hahahahha. Que seria algo tipo "Extraordinário". E não deixou de ser. Extraordinário. Porque tinha que ser desse jeito mesmo.



19 Comentários

  1. Oie
    O livro parece ser emocionante e passa uma linda mensagem. Fiquei com vontade de ler.

    Beijinhos
    diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br

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  2. Oi Meise, tudo bem? Eu ainda não li nenhum livro da autora, mas acho a doença do protagonista bem diferente. Já está na minha lista de leituras e fico feliz que vc tenha gostado tanto.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  3. Oi Meise,
    Eu adorei esse livro, amo a escrita da Jennifer Niven.
    Porém, ao compará-lo com 'Por Lugares' incríveis da mesma autora, esse fica em segundo lugar.
    Beijos
    https://estante-da-ale.blogspot.com.br

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  4. Oi Meise,

    Já ouvi falar muito bem dos livros da autora, mas ainda não tive a chance de ler algo dela.
    Dica anotada.
    Bjs e um bom Domingo!
    Diário dos Livros
    Siga o Instagram

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  5. Oi Meise!
    Sério que você achou que ele teria 10 anos? KKKKKKKKK EU RI!
    Eu amei esse livro, talvez tenha me identificado demais com a protagonista. Quando eu li a sinopse eu realmente esperei uma personagem de alto estima muito abalada, mas não, ela me surpreendeu. A Libby é super positiva e está sempre trazendo uma mensagem legal de você se aceitar como e. Eu fiquei realmente feliz por ter lido algo assim <3

    Abraços
    David
    https://territoriogeeknerd.blogspot.com.br/

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  6. Oi Meise, tudo bom?
    Esse livro foi uma das leituras mais felizes e gostosas que fiz esse ano. Que sentimento booooom que a história construiu; a Libby é um raio de sol. Uma das personagens mais amores e preciosas da vida. Amei a jornada dela, os capítulos e os entendimentos dela com a vida, com o próprio corpo e com quem ela é <3
    Esse livro é bom demais para o mundo!

    Beijos,
    Denise Flaibam.
    www.queriaestarlendo.com.br

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  7. Oi, Meise. Eu adorei esse livro! Foi meu primeiro contato com a autora e adorei como ela trouxe essas doenças a obra, nos dando um gostinho especial na hora de conhecer os personagens. Adorei cada um deles, sinto uma saudade enorme!
    Beijos
    http://www.leitoraencantada.com

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  8. Amei a resenha! Agora quero ainda mais ler esse livro. Tenho um amor infinito pelos livros que trazem uma lição e são inspiradores <3

    Beijos
    Próxima Primavera

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  9. Oie Meise =)

    Eu simplesmente adorei esse livro *-* a Jennifer foi uma sensibilidade enorme na composição da narrativa.

    Beijos;***
    Ane Reis | Blog My Dear Library.

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  10. Oi
    que bom que gostou da leitura e que personagens como a Libby te conquistou, ainda não li nada da autora, mas quero muito ler, essa parece ser uma bela história, fora que fiquei curiosa com a doença do protagonista.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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  11. Oi Meise, tudo bem?
    Amei a resenha, já quero ler. <3
    Eu li Por Lugares Incríveis e amei demais, então estou de olho nessa autora.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  12. Oi, Meise!
    Esse livro da Jennifer é muito elogiado. Eu sei pouco sobre prosopagnosia e gostei muito da autora abordar.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe das promoções em andamento e ganhe prêmios maravilhosos

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  13. Oi Meise,
    Ainda tenho muita vontade de conhecer os livros da autora, mas sick-lits preciso me preparar psicologicamente antes HAHA só de ler sobre na resenha, já fiquei sentida.

    tenha uma ótima semana =D
    Nana - Canto Cultzíneo

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  14. Oi, Meise

    Eu nunca li nada da autora por conta dos temas que ela escreve. Em PLI era suicídio, que eu não gosto de ler sobre, já nesse ru acho que ela forçou a barra pra tentar seguir a mesma linha de underdogs do livro anterior. Há um tempo assisti a um filme onde a personagem tinha prosopagnosia e fui pesquisar sobre, pois não conhecia a doença... e Jack não se encaixa. Uma pessoa com essa doença tem muita dificuldade de socialização, muito me espanta ele conseguir esconder que tem isso. Acho muito inverossímil, por isso não leria. :)

    Beijos
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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  15. Oi
    estou curiosa com essa leitura, quero ler algum livro dessa autora ainda, adorei os quotes que separou.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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  16. Olá, Meise.
    Eu quero muito ler esse livro porque amei o outro livro da autora que li. E essa doença apesar de ser comum eu nunca tinha visto falar hehe. E deve ser uma barra. Assim que der eu vou comprar e ler ele.

    Prefácio

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  17. Olá Meise, tudo bem?
    Nossa, fiquei apaixonada pelo livro só pela sua resenha!! Parece ser uma história muito delicada e emocionante, daquele tipo que muda um pouco a nossa cabeça né? ^^
    beeijo

    https://lecaferouge.blogspot.com.br/

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  18. Oi Mei, tudo bem?!
    Já tinha ouvido falar muito no livro e na autora, mas não conhecia a premissa. Fiquei super interessada, nunca tinha ouvido falar na doença - como você. E fiquei bem curiosa em saber mais! Sem dúvidas é uma trama que trás vários ensinamentos ao leitor, já quero.
    Beijos

    www.lendoeapreciando.com

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  19. Oie Maise, tudo bem?
    Olha, eu nunca tinha lido a sinopse ou uma resenha desse livro, a sua foi a primeira e já me conquistou! Eu tinha um certo "preconceito" com a autora, mas a verdade é que eu não leio sick-lit, e por isso nunca me interessei muito pelos títulos dela... Mas você acabou de mudar isso!
    Vou adicionar o livro a minha lista com certeza! Amei a resenha!

    Com carinho,
    Ana | Blog Entre Páginas
    www.entrepaginas.com.br

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A leitura é uma porta aberta para um mundo de descobertas sem fim. - Sandro Costa

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