Título: Eu estive aqui
Autora: Gayle Forman
Editora: Arqueiro
Páginas: 240
Ano: 2015
Avaliação: 4/5

SINOPSE
   Quando sua melhor amiga, Meg, toma um frasco de veneno sozinha num quarto de motel, Cody fica chocada e arrasada. Ela e Meg compartilhavam tudo... Como podia não ter previsto aquilo, como não percebera nenhum sinal?
    A pedido dos pais de Meg, Cody viaja a Tacoma, onde a amiga fazia faculdade, para reunir seus pertences. Lá, acaba descobrindo muitas coisas que Meg não havia lhe contado. Conhece seus colegas de quarto, o tipo de pessoa com quem Cody nunca teria esbarrado em sua cidadezinha no fim do mundo. E conhece Ben McCallister, o guitarrista zombeteiro que se envolveu com Meg e tem os próprios segredos.
  Porém, sua maior descoberta ocorre quando recebe dos pais de Meg o notebook da melhor amiga. Vasculhando o computador, Cody dá de cara com um arquivo criptografado, impossível de abrir. Até que um colega nerd consegue desbloqueá-lo... e de repente tudo o que ela pensou que sabia sobre a morte de Meg é posto em dúvida.
    Eu estive aqui é Gayle Forman em sua melhor forma, uma história tensa, comovente e redentora que mostra que é possível seguir em frente mesmo diante de uma perda indescritível.

                                                           
                 
    Meg e Cody são melhores amigas desde sempre: ambas moram numa cidadezinha no interior de Seattle, com precisamente 15.074 habitantes. Ou, melhor, 15.073 agora que Meg conseguira uma bolsa para estudar em uma universidade em Tacoma. 
    "Unha e carne" foi o apelido que deram para elas no ensino médio. Também pudera, as duas viviam juntas, faziam tudo juntas, uma era metade da outra - como Cody costumava dizer. A família de Meg praticamente adotou Cody, porque a menina só tinha sua mãe, Tricia, que vivia ocupada demais para lhe dar atenção. Então, os Garcia - Sue e Joe -, praticamente assumiram os papéis de pais de Cody. 
    As meninas tinham um plano para depois do ensino médio: iriam embora da cidadezinha que moravam e morariam em Seattle, cursariam a mesma universidade e dividiriam um apartamento. Porém, apenas Meg conseguiu uma bolsa e ela foi embora, deixando Cody para trás, visto que a mãe da menina deixou claro que não ajudaria nas despesas da faculdade caso ela não conseguisse bolsa. Sendo assim, Cody ficou na cidade, começou a fazer faxinas e frequentar a faculdade comunitária da cidade, enquanto Meg foi para a cidade grande. A ideia era Cody ir atrás da amiga após dois anos; porém, seus planos mudaram quando recebeu um e-mail de Meg.
"Sinto informar que precisei dar fim à minha própria vida. Estou adiando essa decisão há muito tempo, e ela é minha e de mais ninguém. Sei que isso lhe causará sofrimento, e lamento que seja assim, mas saiba que eu precisava acabar com a minha dor. Não tem nada a ver com você, mas tudo a ver comigo. Não é culpa sua. 
Meg."
    O e-mail havia sido programado para ser enviado aos pais de Meg e à Cody, um dia após sua morte. Meg se suicidou. Sozinha, num quarto de motel, tomou veneno e esperou pela morte. Agora, Cody está confusa, sem saber o por que da amiga nunca ter mencionado o fato de querer se suicidar, muito menos de ter compartilhado poucos detalhes sobre como era sua vida em Tacoma.
"Estou adiando esta decisão há muito tempo, ela escreveu em sua mensagem. Há muito tempo? Quanto? Semanas? Meses? Anos? Eu conhecia Meg desde o jardim de infância. Éramos melhores amigas, quase irmãs. Por quanto tempo ela adiou a decisão sem me contar? E o mais importante: por que ela não me contou?"
     Os pais de Meg pedem à Cody para ela ir até Tacoma recolher os pertences da amiga. Prestativa, Cody vai, e, em meio ao luto, decide buscar por mais respostas sobre o suicídio da amiga. A Meg que Cody conhecia não tomaria veneno para aliviar sua dor. A Meg que Cody conhecia era diferente: feliz, cheia de vida e de amor.
    Quando chega em Tacoma, Cody conhece os colegas que moravam na república com Meg; todos a definiram como "reservada", "dormia muito", "pouco sociável". Decididamente, essa não era a Meg. Logo, Cody decide conhecer outras pessoas do convívio da amiga, e é então que conhece Ben McCallister, o guitarrista de uma banda.
    Cody acaba descobrindo segredos escondidos no computador da amiga, muitos têm ligação com Ben. Ben transou com Meg e Meg gostava de Ben, porém Ben sempre fora um mulherengo assumido e não queria nada com a menina. Ben usou Meg, sem ela saber.
    Em meio a tantas descobertas, Cody conhece de verdade aquela que fora sua amiga desde o jardim de infância, e tudo o que consegue sentir é mágoa, ciúmes, e culpa, muita culpa pela morte da amiga.
"Meg era minha melhor amiga e eu achei que nós fôssemos tudo uma para a outra. Achei que contássemos tudo uma para a outra. Mas, no fim das contas, eu não a conhecia nem um pouco. (...) Supostamente, eu era a melhor amiga dela, e não sabia nada disso, porque ela não me contou. Ela não me contou que achava a vida um sofrimento insuportável. Eu não fazia a menor ideia."
   
    É incrível como podemos conhecer e não conhecer uma pessoa ao mesmo tempo. Incrível como os gostos, os medos, as alegrias, podem mudar de uma hora para a outra na vida de uma pessoa querida por nós sem que sejamos avisados pela pessoa. Eu me senti tocada pelo livro, pela história de vida da Meg, pela vida da Cody. A Cody sempre foi aquela amiga que se esconde atrás da melhor amiga, sabe? Aquele tipo de amiga que se conforma que a sua vida é pior do que a da sua amiga, então tenta buscar conforto na vida da amiga. Aquela que se conforma em ser "a inferior" das duas, aquela que, apesar disso tudo, ainda ama a melhor amiga e meio que não se importa com isso. Foi isso que eu senti da personagem Cody. Um complexo de inferioridade, porque, como ela mesma diz, "eu perdi a minha MELHOR metade". Para Cody, ter perdido Meg uma vez (quando ela se mudou para Tacoma), já foi um choque, porque ela teria que viver sem a sua sombra, não teria mais como chamá-las de "Unha e carne". Era como se Cody precisasse de Meg para viver, sabe? E quando ela perde Meg de verdade, ela fica desesperada. Mas quando ela descobre que nunca conheceu de verdade a melhor amiga, o choque é muito maior.
    A mãe de Cody engravidou muito nova, e nunca ficou com o pai da menina. Nunca lhe deu muita atenção, por isso a família de Meg meio que adotou a menina. "Adotou", não no sentido literal, mas ela vivia na casa deles. Quando a mãe de Cody percebe um certo "que" de superioridade da garota diante de Meg, ela lhe diz, de uma maneira até arrogante, que Meg sempre conseguiu tudo o que queria de uma maneira muito fácil, e que Cody, apesar de tentar com muito afinco, nunca conseguiu.
"O que quero dizer é: você nunca desistiu, nem na dança, nem na matemática, nem em nada, e talvez tivesse mais motivos para isso. Você tinha um monte de pedras nas mãos, então resolveu limpá-las, deixá-las bonitas e fez um colar. Meg ganhou um colar e se enforcou com ele."
    O livro trata de um assunto muito delicado: depressão. A forma como a personagem principal do livro tirou a própria vida, como planejou e se o fez sozinha, é muito abordado nos capítulos. É chocante ler, de verdade. Mais chocante ainda é saber que existem muitas pessoas na mesma situação que ela, que buscam por ajuda, mas em vão. Particularmente, fiquei muito tocada com o livro. Porque ele aborda um lado da história muito delicado: o lado de quem fica. De quem perdeu uma pessoa que não conseguiu mais aguentar a dor de viver e PRECISOU morrer. Eu já li "Veronika decide morrer", e o livro aborda o lado da pessoa que QUER se suicidar, seus pensamentos, suas ideias, seus planos. Em ambos os livros, eu fiquei chocada.
    Depressão é um assunto sério, não é drama, não é coisa de momento, não é algo que "amanhã passa". Por mais que Cody quisesse saber sobre esse lado da vida de Meg, ela não deixou. Ela não quis, ela decidiu guardar para si, porque sabia que a amiga não saberia como ajudar. Num tempo passado, eu teria achado o livro ridículo e teria julgado Meg por não ter procurado uma ajuda, teria condenado seus pais por saberem como a filha se sentia e não ter a obrigado a fazer alguma coisa. Mas, agora que sou mais madura, eu entendo perfeitamente. Hácoisas que simplesmente não têm sentido, pra quem sente a dor, serem compartilhadas. Um psicólogo é a melhor ajuda, é o melhor caminho.
    No geral, é um livro muito bom, porém eu esperei muito dele e acabei me decepcionando um pouco, eu confesso. Não gostei muito da Cody, ela me irritou várias vezes, sério. Achei meio injusto o final também... Eu queria mesmo era uma versão da Meg sobre o livro, porque iria ajudar muito pessoas que sofrem de depressão.
"(...) Deixar nossas feridas cicatrizarem. Perdoar. E, às vezes, o mais difícil de tudo: perdoar a nós mesmos. Mas, se não fizermos isso, estaremos desperdiçando uma das maiores dádivas de Deus para nós: o seu remédio milagroso."
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    Como o tema do livro trata sobre SUICÍDIO, aproveito para falar sobre uma campanha.

Setembro Amarelo

A imagem pode conter: texto    "É uma campanha que prevê a conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Ocorre no mês de Setembro, desde 2014, por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações."

Conheça mais sobre essa linda campanha clicando aqui.
Suicídio NÃO é brincadeira. NÃO é drama. É real.




17 Comentários

  1. Oi
    eu tenho vontade de ler esse livro, já li livros da autora e gostei e ele trata de temas sérios como a Depressão , minha tia sofre muito com ela. Pena que se decepcionou um pouco com ele.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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  2. As capas são sempre o maior atrativo de um livro e essa me conquistou cem por cento. Obrigada por compartilhar! ❤

    www.kailagarcia.com

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  3. Oie, tudo bom?
    Eu pensava que esse livro também tinha alguma relação com Se eu ficar, só que diferente do outro eu me interessei. Depressão é realmente um assunto muito complicado e triste, eu tenho medo de algum amigo meu ter isso e eu não perceber. O suspense desse livro me deixou muito curiosa <3
    Adorei a sua resenha <3

    †sessão proibida†

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  4. Parabéns pela resenha Meise! Já li Eu Estive Aqui e curti bastante. Beijo!

    www.newsnessa.com

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  5. Oi flor, tudo bom?
    Eu gosto muito de livros com temáticas sensíveis, principalmente os que usam o tema da maneira certa, com o discurso certo. Que não romantizam nem nada do tipo.
    Não li nada da autora - ainda - mas pretendo fazer isso algum dia!

    Beijos,
    Denise Flaibam.
    www.queriaestarlendo.com.br

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  6. Oi, Meise!
    Eu não gostei muito dos livros que li dessa autora, mas achei muito legal ela ter te tocado dessa forma.
    Quando os temas são mais pesados assim, é preciso uma escrita muito boa para que a gente entre na trama e sinta todos os sentimentos também. Que bom que isso aconteceu com você!
    Beijinhos,

    Galáxia dos Desejos

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  7. Oi, Meise!
    Eu tenho um certo traumas com livros da Gayle, mas esse eu tenho muita vontade de conferir, principalmente pelo tema abordado.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do sorteio de aniversário do Balaio de Babados e O que tem na nossa estante

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  8. Só por causa dessa irritação que você sentiu pela personagem é que eu fiquei com muita vontade de ler o livro hehehe. Adoro esses personagens que deixam a gente com vontade de tacar o livro na parede.
    Adorei!

    Bjks

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  9. Até hoje só li um livro da autora e confesso que ele não foi uma das minhas melhores leituras :/ Só que eu tenho muita vontade de esse livro, principalmente pelo fato do tema abordado nele. Apesar de eu não me aconselhar a ler temas pesados assim, não consigo evitar, porque eles sempre me chamam muita atenção. Mas eu tenho um certo receio de ler outros livros da autora por medo de me decepcionar de novo. Enfim. Gostei da resenha :)
    Beijos
    Me Cativastes

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  10. Olá, tudo bem? É péssimo quando esperamos muito de um livro e ele não é tudo aquilo, né?! Mas ainda assim parece ser uma história boa, fiquei curiosa.

    Beijos,
    Duas Livreiras / Sorteio "O gnomo Elias"

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  11. Olá, Meise.
    Eu tenho uma amiga que comprou esse livro e agora que li a sua resenha vou pedir ele emprestado. Fiquei curiosa pela história em si. Acho que tem muita gente que julga quem se suicida, mas só estando no lugar da pessoa para saber o que ela está passando. E é muito dificil de perceber qualquer coisa, já aconteceu com alguém próximo e eu nunca percebi nada.

    Prefácio

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  12. Concordo com você: " É incrível como podemos conhecer e não conhecer uma pessoa ao mesmo tempo." Depressão é coisa série e viver depois da morte de uma pessoa querida também. Li "Apenas um dia" e "Apenas um ano" da Gayle Forman e gosto do estilo dela de abordar a vida e os traumas que ela trás e fiquei com vontade de ler o livro apesar da Cody ser irritante as vezes, acho que a Gayle gosta de fazer personagens irritantes hahaha

    Jaci
    Uma Pandora e Sua Caixa

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  13. Oi Meise.
    Esse livro nos toca mesmo. Eu sofro de depressão há muitos anos e sei o quanto é difícil levar a vida com algo assim. Também esperava mais do livro, mas como um todo e pelo tema abordado gostei da leitura.
    Bjus
    www.docesletras.com.br

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  14. Oi.
    Eu ainda não tive um livro que falasse de uma maneira mais abrangente sobre o suicídio, além de Quando tudo faz sentido. Eu acho que o tema deve ser sim debatido mais vezes, mas isso não me impele a ter vontade de ler as histórias. A Gayle me decepcionou muito com a duologia Se eu ficar, os livros são extremamente maçantes e muito chatos, o que me fez desistir de ler outros livros dela :/
    Beijos
    http://www.leitoraencantada.com/

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  15. Oi Meise, que resenha linda! Acho tão bacana todo mundo abordar o tema no setembro Amarelo! Eu ainda não li o livro, mas quero conferir com certeza!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  16. Muito interessante o livro abordar sobre esse assunto, e as pessoas saberem mais sobre essa "doença" e tristeza que alguns passam. Não conhecia a história desse livro, mas parece emocionante, já quero conhecer!

    www.vivendosentimentos.com.br

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  17. Oi Meise!
    Eu adoro ler sobre a temática, inclusive vou lançar alguns post sobre o Setembro Amarelo também, mas confesso que esse livro não me chama atenção. Eu acho que a Gayle Forman trabalha melhor a escrita dela quando é só romance. Esses assuntos mais pesados não ficam bem. Eu não curti muito a vibe de Se Eu Ficar e não quis me aventurar nesse. Mas um amigo ja tinha me dito que tem alguns problemas que desapontam.

    Abraços
    David
    https://territoriogeeknerd.blogspot.com.br/

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A leitura é uma porta aberta para um mundo de descobertas sem fim. - Sandro Costa

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