Título: Rita Lee, uma autobiografia
Autor: Rita Lee
Editora: Globo Livros
Páginas: 296
Ano: 2016
Valor: R$30,00 á R$40,00 (dependendo do site e frete)
Sinopse:
"Do primeiro disco voador ao último porre, Rita é consistente. Corajosa. Sem culpa nenhuma. Tanto que, ao ler o livro, várias vezes temos a sensação de estar diante de uma bio não autorizada, tamanha a honestidade nas histórias. A infância e os primeiros passos na vida artística; sua prisão em 1976; o encontro de almas com Roberto de Carvalho; o nascimento dos filhos, das músicas e dos discos clássicos; os tropeços e as glórias.
Está tudo lá. E você pode ter certeza: essa é a obra mais pessoal que ela poderia entregar de presente para nós. Rita cuidou de tudo. Escreveu, escolheu as fotos e criou as legendas - e até decidiu a ordem das imagens -, fez a capa, pensou na contracapa, nas orelhas... Entregou o livro assim: prontinho. Sua essência está nessas páginas. E é exatamente desse modo que a Globo Livros coloca a autobiografia da nossa estrela maior no mercado."[
Eu já li algumas biografias, mas essa é a primeira autobiografia que eu li, e me apaixonei ainda mais por Rita Lee.
Durante o ensino médio, tive uma fase em que eu era obcecada pelas músicas dela, ouvia repetidamente, mas essa fase passou. Com a leitura desse livro, pude me relembrar o por que eu gostava tanto dela e é claro, aprender mais sobre sua vida.
Rita não tem medo de se expor, e faz isso de maneira nua e crua. Não poupa a si mesmo, confessa seus erros, mas não se arrepende de quase nada. Conta sua infância, fala sobre sua família, seus amores, suas perdas, sua música.
Tudo começa no que Rita chama de Casarão, que fica na Vila Madalena, onde vivem 5 mulheres e 1 homem, o "harém" segundo ela.
>> Charles, seu pai, dentista, conservador, dizia que "filha dele estuda ou trabalha, música é só um hobby"
>> Chesa, sua mãe.
>> Balu, sua fada madrinha
>> Carú, irmã adotiva italiana
>> Mary Lee e Virgínia Lee, suas irmãs de sangue
Ela conta desde como surgiu sua primeira banda no ginásio, até sua última entrevista.
O cenário musical é o base muitas histórias, conta como conheceu grandes nomes da MPB, e como montava o figurino de Mutantes, quando estava na banda, sobre sua prisão e seus vícios.
São memórias muito reais, que fazem com que você se sinta parte da história contada por ela.
Ela escancara seus vícios, conta sobre suas internações... E depois sobre como decidiu se manter sóbria após o nascimento da neta. Em um dos momentos em que estava fora de si, ela conta que foi ajudada por Hebe, com quem manteve uma amizade muito íntima, contando inclusive que várias vezes foi ao programa e assistia deitada no sofá.
Estava eu babando na sarjeta em um dos momentos droguísticos "quem sou, onde estou", quando Hebe passa de carro por lá, me vê, desce, me leva pra sua casa, me dá banho, me põe na cama, me dá papinha na boca, e depois de todo aquela trabalhão, passa a descompostura mais deliciosa que já recebi na vida: "Ritinha, se você fizer isso de novo, te interno num hospício e não vou te visitar" #HebeMeSalvou2
Ela não entra em detalhes da ditadura militar, não toma partido político e resume-se:
Definindo-me
Bons tempos chatos os da ditadura militar. Bom para quem gostava de rock. Chato para quem morava no Brasil. Bom para tomar ácido e assistir ao cabeludo José Dirceu num palanque imaginando-se
um astro do rock. Chato quando passava o efeito assim que os meganhas soltavam os cavalos e a gente caia na real vendo que Dirceu não era nenhum Jimi Hendrix. Sexo, Drogas & Rock´n´Roll não combinava com Tradição, Família & Propriedade, ou você era esquerdette ou direitette. Para acomodar quem me cobrava uma posição política, me assumi: "hiponga comunista com um pé no imperialismo"
Sobre Roberto de Carvalho existem muitas histórias e como as músicas que vieram depois dele, sempre eram inspiradas em momentos que os dois compartilhavam.. Entre muitos relatos o início que eu achei mais fofo:
Fever Night
(...) Tudo pronto para o bote: comidinha caseira maravilhosa feita pela Balú, incensos, baseadinhos enrolados, velas e uma roupinha sexy. Logo que entram em casa, Roberto/Zezé tira o sapato e suas meias vermelhas com filetes dourados pulam aos olhos: "Adorei suas meias, eu faria show com elas!" O gato imediatamente as descalça, dá um beijo nela se diz: " Não por isso, agora são suas, não tenho chulé". Eu, que não sou chegada no fetiche, achei os pés dele lindos. Humm.
Já quase no final:
A lôka
Não faço a Madalena arrependida com discursinho anti drogas, não me culpo por ter entrado em muitas delas, eu me orgulho de ter saído de todas . Reconheço que minhas melhores músicas foram compostas em estado alterado, as piores também.
Lamento apenas a demora em perceber que o "remédio" já estava já muito fora da validade, coisas de capricorniana fixa. Minha geração sofreu a claustrofobia de uma ditadura brucutu, usar drogas então era uma maneira de respirar ares de liberdade, e se assim posso dizer, eram de melhor "qualidade" do que as malhadas de hoje, traficada por assassinos.
Há também um personagemzinho chamado Phantom, um fantasminha da memória de Rita, que colocar uns adendos em alguns capítulos:
O que eu mais gostei nessa autobiografia é a linguagem que Rita Lee usa. É extremamente simples, direta e objetiva. Gírias de antes, gírias de agora, mistura de línguas... É como se você estivesse sentado no sofá conversando com ela, dá para imaginar, sério.
Espero que vocês gostem, quem quiser saber mais alguma coisa sobre o livro, comenta aqui :)