Olá pessoal, tudo bem? Há alguns dias convidei vocês para participarem de um concurso de crônicas, o qual realizarei aqui no blog. Quem leu a postagem (se você não leu clique aqui) viu que eu estava participando de um projeto parecido aqui em minha cidade. Bem, o resultado saiu e a minha crônica foi escolhida como a melhor das melhores, conquistei o primeiro lugar e um cheque de 100,00 reais para gastar com o que eu quiser (adivinhem? LIVROS). Peço mais uma vez que participem do concurso, para se inscrever basta ler a postagem que citei acima.
Agora deixo para vocês a crônica que escrevi, espero que gostem! E deixo a vocês meu muito obrigado, por todo o apoio!
Páginas de uma biografia
Possuo a seguinte filosofia: a vida é como um livro. Para alguns ela é
um livro grosso, para outros um livro fino, uns gostam de lê-la e outros
não, e ainda tem aqueles que cuidam dela colocando-a em uma estante, e
outros apenas a deixam jogada por aí. Assim como nos livros a vida é
escrita por partes e capítulos a gosto do escritor.
Minha obra está
no início - assim espero – em sua primeira parte, ‘recheada’ de
capítulos, alguns bem interessantes e outros um pouco irrelevantes, mas
que mesmo assim fazem parte do meu livro. Essa primeira parte se passa
basicamente em uma pequena cidade, onde nasci e vivo minha adolescência,
saindo dela na maioria das vezes apenas através dos livros. Histórias são o que não faltam rodeando minha vida, como a da vez em que vendi uma
carriola de verdura em menos de cinco minutos quando tinha apenas seis
anos, ou as longas histórias de caminhoneiros que escuto todos os dias
no serviço. Mas as melhores histórias sobre esta cidade, não foram
minhas, eram do meu avô. Como eu adorava quando ele começava a contar
como a cidade era quando ele tinha oito anos, época em que ele chegou
aqui em um trem carregado de gente vindo em direção da “Alta
Sorocabana”. E hoje, ao caminhar pelas ruas, as quais sei de cor os
nomes, me pego imaginando o que havia nelas quando meu avô chegou à
cidade.
Quando retorno para casa, acompanhada de um pôr do sol
maravilhoso, sento-me na calçada junto com os meus pais, e observo meus
irmãos descalços jogando bola, furando o pé, junto com outros garotos
da sua idade, igual ao que eu fazia na época deles. Cada vizinho em sua
determinada calçada em uma tarde de domingo relembrando toda a sua
infância em um passe de mágica. De repente escuto o apito do trem! As
crianças saem em disparada rumo a esquina da rua, só para observar o
trem passar ao longe, levanto-me e os acompanho, assim como fiz durante
toda a minha infância. Mesmo passando ali quase todos os dias, mesmo
vendo apenas um pedacinho dele, mesmo sendo sempre igualzinho, é
espetacular ver aquele trem passar. Retorno ao meu pensamento de como
era na época em que meu avô chegou aqui. O trem que hoje só possui
carga, abarrotado de gente esperando a próxima estação, e na estação, a
emoção e a saudade de quem esperava a chegada do trem. Saio de meus
pensamentos quando ele acaba de passar, e escuto os gritos das crianças
que discutiam se as traves do gol feito de chinelo estavam do mesmo
tamanho.
Quando essas crianças começarem a pensar em seus livros,
será que lembrarão disto com a mesma intensidade com que me lembro?
Fatos que nesta cidade vivi e outros que imagino terem sido vividos, dos
quais, de certa forma, sinto até saudade, permanecerão sempre vivos em
minhas lembranças, gravados em minha memória. Risos, choros, fofocas,
saudades, alegria, machucados, são capítulos da minha biografia que
ninguém poderá apagar como não se apagam os capítulos das biografias
vividas por tantos outros que por aqui passaram, e contam com orgulho,
os capítulos dessa cidade.
Amei sua crônica! Me senti numa cidadezinha, o que é um ótimo sentimento. Parabéns por ter ganhado o concurso.
ResponderExcluirCaramba adorei, achei super merecido. Como eu tinha dito, achei legal essa iniciativa em abrir espaço para jovens (pessoas de todas as idades em geral) que escrevem e 100,00.
ResponderExcluire 100,00 é um prêmio bacana. hahahaha
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