Passei algumas horas de boca calada, de cara fechada, de alma despedaçada. Tentei duas ou três vezes escrever algo para não descontar em meus móveis, quebrados em vão, não seria algo inteligente a se fazer. Embora eu não faça outra coisa a não ser isto. O mundo já me encara de maneira rigorosa, como quando chego atrasada ao colégio e meus professores me avaliam de todos os ângulos imagináveis, tentando decifrar minha existência, o ser ou não ser, ou talvez estejam apenas imaginando se irei seguir em frente, se conseguirei, se existe alguma esperança. Que covardia.

Existem várias alternativas para que meu passado se torne apenas fumaça comparada a um maciço metal. Já não tenho a mesma certeza de que você seguirá na estrada para ver e provar que foi possível, sim, que a “sem futuro” deixou de ser somente isso. Não posso continuar fingindo a ti uma força inexistente, quando já percebeu que desabo por mínimos fatos. Sou profundamente e incalculavelmente fraca. Como quando se brinca com copos feitos de um material ligeiramente leve, um esbarro, um descuido, um mísero piscar de olhos e se torna suficiente para quebrá-lo, amaldiçoá-lo por uma vida, talvez a única.

Engulo todos os erros para dentro de meu estômago embrulhado, de fato ele está, por ter trancado palavras tão fortes por bastante tempo, tempo este, capaz de me causar náuseas. Caro estômago, aquiete-se. Nessa hora não sei aonde está, nem com quem, ou sobre o que está falando, e isto só piora minha situação. Queria que soubesse como me sinto, mas no momento desejo apenas que leia esse relato. Sinto como se estivessem tentando me roubar um órgão vital, de extrema importância. Você. 

Mas ao mesmo tempo sinto que sou eu quem o está puxando para fora, com desgosto aparente, mas continua sendo eu. Puxo querendo soltar. Suplicando que me peça para parar, que já está curado, não precisando arrancá-lo, pois não estou correndo o risco de contaminar os restantes. Se te fizesse todas as perguntas que pairam em minha mente, ficaríamos aqui por horas, e eu me sacrificaria mesmo antes de ouvi-las respondidas. Pesado demais, meu corpo não suportaria. Já disse, meu estômago está dando sinais.


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A leitura é uma porta aberta para um mundo de descobertas sem fim. - Sandro Costa

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